Aves Marinhas como indicador auxiliar de impacto na construção e uso da Estação Científica da Ilha da Trindade
A ocupação das ilhas oceânicas sempre foi uma questão estratégica para os países com fronteira marítima. Desta forma, o Brasil mantém, desde 1950, o Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade, o qual fornece infraestrutura básica para permanência humana na ilha, além de garantir a soberania nacional, a manutenção da Zona Econômica Exclusiva e o desenvolvimento continuado de pesquisas científicas. Em 2007 foi implantado o Programa de Pesquisas Científicas na Ilha da Trindade e a partir deste, com o incremento das pesquisas na ilha, foi construída uma Estação Científica para atender às necessidades de alojamento e ambiente de trabalho para os pesquisadores. A estação passou
a ser objeto de monitoramento ambiental e um dos parâmetros avaliados foi o impacto da instalação da edificação - com o consequente aumento do número de pesquisadores-, em relação as aves marinhas. As atividades foram
realizadas no período de 22/02 a 11/04/2013, utilizando três métodos de amostragens: contagem por pontos; busca ativa dos sítios de reprodução; e distância de interferência. Foram registradas seis espécies de aves marinhas,
localizadas em 32 sítios de reprodução e determinadas as distâncias mínima e segura de reação para cinco espécies. Os dados analisados sugerem que a edificação da Estação Científica da Ilha da Trindade não provocou impactos na
comunidade de aves marinhas da ilha. Recomenda-se que as pesquisas sobre
perturbações antrópicas tenham continuidade, incorporando a questão da sazonalidade em estudos de longa duração. Sugere-se, ainda, a
implementação de um plano de gestão, além de normas de conduta durante os deslocamentos na ilha, principalmente nas proximidades das colônias de aves marinhas, a exemplo do que foi realizado no Arquipélago de São Pedro e
São Paulo e na Antártica.