HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NA ZB8: UMA ABORDAGEM TERMO-ENERGÉTICA

O déficit habitacional no Brasil fomenta a construção em massa das habitações de interesse social, que são replicadas em diferentes regiões do país, desconsiderando as particularidades climáticas do local de inserção. Criado em 2009, o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) reduziu significativamente o déficit habitacional brasileiro. Entretanto, por descumprir princípios de adaptação ambiental das habitações, o PMCMV ainda apresenta um significativo déficit qualitativo. O objetivo do trabalho foi avaliar, comparativamente, o desempenho termoenergético de um ‘Modelo Original’ (MO) de habitação social, amplamente replicado em território nacional, e de Protótipos Habitacionais (PHs). Para o desenvolvimento da pesquisa, foram adotadas as seguintes etapas: (1) caracterização do MO e dos PHS; (2) definição das cidades pertencentes à ZB8 que compõem o recorte amostral do trabalho; (3) caracterização climática das cidades selecionadas; (4) modelagem e simulação das habitações; (5) análise dos graus-hora de desconforto térmico (GhDT) e da frequência de desconforto térmico (FDT) de cada modelo; (6) avaliação da demanda energética de cada modelo, relacionada ao consumo de energia elétrica por meio de aparelhos ventiladores; (7) análise da viabilidade econômica para a implementação das alterações propostas, por meio dos indicadores do Valor Presente Líquido (VPL) e Payback, considerando a Faixa 1,5 do PMCMV; (8) elaboração de um sumário, contendo os resultados determinados por cada modelo. Os resultados indicaram uma significativa melhoria no desempenho termo-energético em todas as cidades do recorte amostral, sobretudo, pelo protótipo PH2-20%, composto por bloco cerâmico 14x19x39cm, forro de PVC, cobertura em Isotelha com núcleo de poliuretano 30mm, ático ventilado sob a cobertura, além de janelas do tipo maxim-ar com estruturas laterais em venezianas vazantes fixas de alumínio. Destacaram-se as cidades de Boa Vista, que contou com a maior redução do GhDT em números absolutos, e, sobretudo, o município de Recife, que contou com a maior redução percentual do desconforto térmico na moradia. Constatou-se que os investimentos de alteração da envoltória foram considerados viáveis e vantajosos, sobretudo em cidades de maior custo de distribuição de energia, como em Boa Vista e Manaus, que contaram, respectivamente, com VPLs de R$ 28.926,53 e R$ 29.579,44 para um período de 30 anos, e de R$ 18.200,64 e R$ 18.639,56 em um prazo de 15 anos. Todos os valores de VPL apontaram o investimento como lucrativo. Notouse, também, uma economia anual de até R$ 2.146,71 em Manaus, apenas pela redução no uso de aparelhos ventiladores, e um payback de 1,77 anos para esta mesma cidade. Depreende-se, portanto, que a adaptação da habitação ao clima local pode otimizar significativamente o desempenho termo-energético nas moradias, caracterizando um instrumento de redução de despesas e melhoria da qualidade de vida da população de baixa renda.

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