Análise do adensamento urbano no comportamento microclimático de Vitória (ES): aplicações no Modelo ENVI-met

A busca pela adaptação do ambiente urbano às mudanças climáticas é apontada como um
dos maiores desafios deste século e as cidades surgem tanto como potenciais geradoras das
alterações do clima como receptoras de tais consequências. Nesse sentido, as ações do
planejamento urbano são fundamentais, visando tanto a mitigação dos efeitos das
alterações do clima quanto adaptações das cidades aos eventos futuros. São necessários
estudos preditivos que respaldem as tomadas de decisões, observando-se destaque para
aqueles associados às simulações computacionais. As previsões advertem que eventos
extremos ocorrerão com maior frequência e intensidade, e dentre eles incluem-se as ondas
de calor, cujas altas temperaturas interferem negativamente na qualidade de vida,
potencializando inclusive riscos à saúde humana. As conformações urbanas que já atuam
modificando as condições ambientais originais, associadas às influências das mudanças do
clima, podem potencializar efeitos, interferindo diretamente no balanço de energia do meio.
O estudo em questão tem como objetivo avaliar as implicações do adensamento urbano no
comportamento térmico ao nível do pedestre diante do provável cenário de aquecimento
global em Vitória (ES). A metodologia é composta por levantamento de campo, medições
microclimáticas, modelagens e simulações dos cenários avaliados utilizando o programa
ENVI_MET 4.3, considerando avaliações da sua acurácia. As simulações principais
englobaram quatro cenários morfológicos distintos, nos quais foram alterados parâmetros
de adensamento e verticalização. Como resultado, identificou-se que o cenário de maior
verticalização apresentou os valores mais baixos tanto para Ta quando para TRM, chegando
a uma diferença de até 1oC para Ta às 15h e de até 27oC para TRM às 9h, ambas em relação
ao cenário padrão representativo da situação atual. Esta diferenciação se mostrou
estreitamente ligada à incidência direta da radiação. Logo, os cenários mais sombreados
pelas próprias edificações tiveram menores temperaturas no nível da rua. Em contrapartida,
os mesmos cenários, por serem mais adensados e assim compostos por maior quantidade
de materiais construtivos, tiveram seu resfriamento dificultado diante do processo de
balanço energético, além de terem influenciado a distribuição e velocidade do vento,
caracterizando diminuição destes valores em grande parte da área analisada.

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