NÃO CONFORMIDADES DE PROPRIEDADES TÉRMICAS DA NBR 15.575-4 COM ÍNDICES DE CONFORTO TÉRMICO ADAPTATIVO

De acordo com a admissibilidade máxima da absortância solar de paredes externas (PE) para a Zona Bioclimática 8 (ZB8), a NBR 15.575-4:2013 classifica edificações com todas as fachadas pretas com desempenho térmico satisfatório para cidades de clima quente, desde que se respeite a uma transmitância térmica máxima (U máx). Assim, esta dissertação objetivou avaliar as não-conformidades das propriedades térmicas de desempenho da ZB8 da NBR 15.575-4 com índices de conforto térmico adaptativo por orientação, visando descobrir os intervalos de transmitância térmica (U) e absortância solar (α) de paredes externas que sejam capazes de prover conforto térmico satisfatório. Esta dissertação teve seu campo de abrangência delimitado aos edifícios residenciais verticais multifamiliares na ZB8, exemplificados pelos construídos mais recentemente pelas principais incorporadoras na cidade de Vitória (ES) conforme o 31º Censo Imobiliário da Grande Vitória do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo. Mais especificamente, o recorte desta pesquisa se delimitou aos fechamentos opacos (análise das suas propriedades térmicas: transmitância térmica e absortância solar da ZB8) e às paredes externas (subsídio para simulações das propriedades térmicas e análise desses elementos especificamente na construção civil de Vitória). A amostra foi definida por quatro paredes externas (duas de Vitória e duas com os parâmetros máximos de U da NBR 15.575-4) e seis ou dez α (conforme α máximo da NBR 15.575-4 do U/ PE). Foram feitas 512 simulações no programa DesignBuilder de uma sala com duas paredes externas, definindo os cenários de simulação com e sem ocupação pelas oito combinações de orientações possíveis dos pontos cardeais. As 8.760 temperaturas operativas horárias de cada simulação foram trabalhadas considerando o percentual de 80% de conforto adaptativo da ASHRAE 55. Os resultados foram analisados tendo como referência de comparação os parâmetros da NBR 15.220-3:2005 e foram embasadas nos índices de conforto: Frequência de Desconforto Térmico (FDT), Quantidade de Horas de Desconforto Térmico (QHDT) e Graus-horas de Desconforto Térmico (GhDT). Verificou-se que os parâmetros térmicos da NBR 15.575-4 de forma isolada não atendem aos índices de conforto térmico adaptativo. As duas NBR aceitam que todas as paredes externas sejam pretas (α de 100%), porém a NBR 15.575-4 se revela até 2,5 vezes mais permissiva por permitir cores mais escuras para um mesmo U, apresentando resultados com maior incompatibilidade com os índices de conforto para todos os cenários. A diferença de se atender à NBR 15.575-4 em vez de à NBR 15.220-3 pode chegar a 5,97 graus-horas por hora de desconforto médios (cerca de ¼ a mais que o permitido) durante aproximadamente dois meses no ano. Os parâmetros do critério 2 da NBR 15.575 (U ≤ 2,50 W/m².K, α máx 1,00) apresentam resultados ainda piores que os do critério 1 (U > 2,50 W/m².K, α máx 0,60). Conclui-se que o preterimento das diretrizes construtivas da zona bioclimática é de suma relevância para o pior desempenho das paredes externas que atendem aos parâmetros da NBR 15.575-4 em vez de os da NBR 15.220-3, porém novos estudos precisam ser feitos considerando todas as estratégias bioclimáticas indicadas nesta para ZB8. Nesse sentido, compilou-se como contribuição para a cidade de estudo os horários do mês por combinação de orientação com desconforto para Vitória – servindo como subsídio para aplicação dessas estratégias e em particular para dimensionamento de dispositivos de sombreamento.

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