Requisitos de iluminação natural nos sistemas de avaliação de edifícios e impactos energéticos em edificações comerciais no Brasil

RESUMO

Nas últimas décadas, vários países passaram a conceder certificações a edifícios que apresentassem um suposto desempenho ambiental superior. No Brasil, a utilização de sistemasde avaliação de edifícios, originários em países com práticas construtivas, condições energéticas e geoclimáticas próprias, tem gerado uma série de críticas no meio acadêmico. Um exemplo seria a exigência, no Brasil, de que as edificações ditas sustentáveis devessem atender aos requisitos de iluminação natural de sistemas propostos para locais onde a disponibilidade de luz natural é consideravelmente inferior à existente no país e a demanda por aquecimento é real nos períodos de inverno.

O trabalho partiu da premissa de que a aplicação desses sistemas poderia incentivar a construção de edificações energeticamente ineficientes no país, pela introdução de luz natural excessiva nos interiores arquitetônicos. Assim, os objetivos consistiram em avaliar os impactos energéticos do atendimento aos requisitos de uso da luz natural estabelecidos por sistemas importados com possibilidade de aplicação no Brasil, tais como o AQUA, o BREEAM e o LEED. Os procedimentos metodológicos adotados incluíram a elaboração de modelos paramétricos com diversas orientações, percentagem de abertura nas fachadas (PAF), dispositivos de proteção solar (DPS) e ângulos de sombreamento. Esses modelos foram simulados nos softwares DIALux e DesignBuilder, em cinco cidades brasileiras, a fim de possibilitar a identificação dos modelos que atendem aos sistemas de avaliação de edifícios e a mensuração dos impactos energéticos desses, quando submetidos a diferentes condições de luminosidade da abóbada.

Os resultados obtidos permitiram identificar que as metodologias baseadas no fator de luz diurna (FLD) como indicador não favorecem a proposição de edificações energeticamente mais eficientes e que, de maneira geral, há pouco consenso no que se considera adequado para o desempenho luminoso, visto que apenas 1/3 dos modelos atendem simultaneamente aos sistemas de avaliação investigados. Desses, todos possuem PAF correspondentes a 100% e a instalação dos DPS, o que aumenta em média cerca de 20% o consumo energético dispendido com iluminação e climatização artificial nos modelos em comparação àqueles similares com PAF de 50%, indicando que as certificações não necessariamente representam melhorias no desempenho ambiental dos edifícios.

Data: 2012

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