USO DE FONTES ALTERNATIVAS DE ÁGUA NÃO POTÁVEL EM EDIFICAÇÕES MULTIFAMILIARES DE VITÓRIA, VILA VELHA E SERRA: POR QUE NÃO?

Segundo a ONU a escassez de água atinge mais de 40% da população mundial. A Região Metropolitana da Grande Vitória entra nesta estatística quando em razão da estiagem de 2016 foi necessário racionamento de água. Baseando-se neste cenário, a questão que problematiza esta pesquisa é: por que as novas construções de edifícios multifamiliares não adotam instalações prediais para o uso de fontes alternativas de água não potável? Em resposta foi levantada a seguinte hipótese: novos edifícios multifamiliares não são concebidos com instalações prediais para o uso de fontes alternativas de água não potável, devido a entraves de fatores técnico, financeiro, legal, político, ambiental e cultural. Assim esta pesquisa tem como objetivo identificar as razões da não adoção de instalações prediais para uso de fontes alternativas de água não potável em novos edifícios multifamiliares dos municípios de Vitória, Vila Velha e Serra, cuja metodologia foi delimitada em três etapas. Na etapa 1, a partir da avaliação qualitativa das respostas obtidas na aplicação dos questionários, foram reconhecidos como entraves os levantados pela hipótese desta pesquisa e identificados os mais impactantes, como o desconhecimento técnico de alguns sistemas pelos projetistas e construtores, a pouca variedade de fornecedores especialistas em sistemas e serviços para uso de fontes alternativas e pouco incentivo na adoção de sistemas hidrossanitários híbridos pelos gestores públicos dos municípios. Na etapa 2, foi realizado estudo de caso pelos ensaios projetuais das opções de sistemas híbridos A (água potável da rede, água de chuva, ETAC com wetland e água de condensado), B (água potável da rede, água de chuva, ETAC com wetland) e C (água potável da rede, água de chuva, ETAC sem wetland e água de condensado) e D (água potável da rede e água de chuva). Esta avaliação técnica permitiu constatar que a implantação destes sistemas são viáveis tecnicamente, desde que o projeto seja concebido originalmente cumprindo os requisitos que atendam às necessidades espaciais no conjunto da arquitetura. Com intuito de aumentar a probabilidade de tornar viável técnico e economicamente as opções A, B e C, além do sistema completo foram simuladas configurações com instalações básicas, ou seja, apenas as instalações embutidas na construção. Esta configuração possibilita o usuário completar o sistema posteriormente sem grandes impactos de obra, apenas conectando os equipamentos tais como bomba e ETAC. Na etapa 3, a avaliação econômica, a partir do cruzamento dos dados do custo direto total da obra com a diferença dos custos de D em relação às opções A, B e C, demonstrou para os sistemas completos variação entre 0,95 e 0,82%, e para os sistemas básicos de 0,45 a 0,39%. Ponderando todos os resultados qualitativos e quantitativos desta pesquisa constata-se a viabilidade técnico-econômica no investimento em sistemas alternativos. Destacando-se no contexto a tecnologia da ETAC com wetland, que além de representar baixo custo de investimento em implantação e manutenção, não impacta no custo com ocupação de área construída, uma vez que pode ser alocada na área permeável, exigida pelos PDU e PDM dos municípios.

Acesso à informação
Transparência Pública

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória - ES | CEP 29075-910